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Matéi Visniec: escritor do ridículo, da revolta e da poesia

matei visniec

Matéi Visniec: um dos nomes mais importantes da dramaturgia contemporânea. É o escritor do ridículo, do humor ácido, da revolta e da poesia. Também poeta e jornalista, o romeno faz teatro do absurdo.

Visniec tem como forte característica a imaginação livre. Nascido em 29 de janeiro de 1956, ainda tem muito o que oferecer em criatividade, para dizer o mínimo. No Brasil, já são mais de 22 peças publicadas pela É Realizações.

Internacionalmente reconhecidas, essas peças ganharam o mundo depois que Visniec passou a escrever em francês, quando foi morar – por imposições políticas – na França, onde reside desde 1987. Na Romênia, todos os seus textos foram censurados pelo ditador Nicolae Ceausescu. Visniec naturalizou-se francês.

Somente a partir da queda do comunismo na Romênia, em 1989, é que Matéi Visniec se tornou um dos mais encenados dramaturgos no país. Formado em História e em Filosofia pela Universidade de Bucareste, também chegou a morar um tempo em Londres.

Matéi Visniec e Emil Cioran

Emil Cioran, filósofo e escritor romeno, é o ídolo de Matéi Visniec. Leia um trecho do belo livro Os Desvãos Cioran ou Mansarda em Paris com Vista para a Morte:

“Vejam vocês então o que representa o pensamento de Cioran, no sentido próprio e no sentido figurado, na paisagem da filosofia contemporânea. É um pensamento que dá vertigem. Se vocês ainda não experimentaram a sensação de vertigem, subam no último andar da torre Montparnasse, saiam no terraço, subam no parapeito, fiquem de pé no parapeito e olhem a rua lá embaixo. Vocês então passarão a compreender a verdadeira natureza do pensamento de Cioran. Isso lhes dará uma percepção física da profundasse do espírito do senhor Cioran.”

Os Desvãos Cioran ou Mansarda em Paris com Vista para a Morte, de Matéi Visniec.

Para a revista Fausto, Visniec deu uma entrevista exclusivamente sobre Emil Cioran:

“Fiquei intrigado e fascinado por Cioran. Ele é um filósofo atípico, que se recusou a construir um sistema e odiava a mídia. Hoje, filósofos dão entrevistas todas as semanas e aparecem na TV como estrelas de cinema. Cioran nos encanta pela falta de soluções, mas ele sabe fazer as perguntas certas. O apelido ‘vampiro’ é uma metáfora que merece, sem dúvida, mais esclarecimentos, mas é preciso ler Cioran para compreender todas as nuances desse jogo de palavras.”

Gabriel García Márquez, Carlos Fuentes, Mario Vargas Llosa e Ernesto Sabato também estão entre os escritores apreciados pelo dramaturgo romeno.

Jornalismo

Na hora de escolher a ambientação de suas peças, Matéi Visniec faz bom proveito de sua experiência de mais de trinta anos como jornalista. O cerne de suas tramas são os dramas reais do mundo, como a imigração. Matéi Visniec começou a trabalhar na Rádio França Internacional quando estava exilado, e lá permanece até hoje.

Visniec tem mesmo a intenção de provocar! Confira o título desta obra: Migraaaantes ou Tem Gente Demais Nessa Merda de Barco ou O Salão das Cercas e Muros.

Migraaaantes ou Tem Gente Demais Nessa Merda de Barco ou O Salão das Cercas e Muros, de Matéi Visniec.

Visniec também acredita que o teatro deve se sentar à mesa junto aos que decidem os rumos do mundo, pois o teatro é, para ele, um espaço de debate extremamente encorajador, interessante e gratificante para o espírito.

Autor de O Último Godot, que homenageia o irlandês Samuel Beckett, Visniec acredita que os escritores têm ferramentas mais sutis para descobrir e expor o lugar dos ferimentos do mundo, e por isso podem ajudar a tratá-los.

Em uma de suas entrevistas mais interessantes, concedida à revista Cult, Visniec opina sobre o papel da literatura:

“…a literatura foi sempre a melhor fonte de respostas aos problemas concernentes ao homem, à sociedade, ao mecanismo da história. Não é por nada que às vezes dizemos que uma situação é ‘kafkiana’. É que Franz Kafka, em seus romances, captou alguma coisa relacionada à sociedade que nenhuma outra disciplina do espírito humano foi capaz de captar.”

Livros de Matéi Visniec

As obras de Matéi Visniec que integram o catálogo da É Realizações são:

A Máquina Tchékhov, que visita os personagens do russo Anton Tchékhov.

A Máquina Tchékhov, de Matéi Visniec.

Temos também A História do Comunismo Contada aos Doentes Mentais, que se passa na Moscou de 1953, semanas antes da morte de Stálin. Trata-se da história de um escritor que, a pedido do diretor de um hospital, tem que escrever a história do comunismo – assim como da Revolução de Outubro – para deficientes mentais leves, médios e graves.

A História do Comunismo Contada aos Doentes Mentais, de Matéi Visniec.

Outra peça de leitura indispensável é A História dos Ursos Pandas Contada por um Saxofonista que Tem uma Namorada em Frankfurt e Um Trabalhinho para Velhos Palhaços, as duas na mesma edição.

A História dos Ursos Pandas…, de Matéi Visniec.

A primeira é a história de um casal que, depois de um pacto de viver juntos por nove noites, vão para um mundo à parte cheio de mistérios. Já a segunda peça conta a saga de três palhaços velhinhos que, à espera de uma audição, relembram o passado.

A Mulher-Alvo e Seus Dez Amantes traz uma divertida confusão que acomete uma cidade pacata. O inspetor responsável pela segurança de uma praça terá de lidar com fenômenos extraordinários, como uma borracha gigante que apaga tudo por onde passa e o reaparecimento de um homem depois de trinta anos; sem falar, claro, na mulher-alvo que deve ser amada antes do amanhecer por seus dez amantes.

Nossa lista é longa, prepare-se para mais aventuras escritas por Matéi Visniec!

A Palavra Progresso na Boca de Minha Mãe Soava Terrivelmente Falsa, por exemplo, trata das dores da guerra e a memória que fica no espírito. Um texto emocionante.

A Palavra Progresso na Boca de Minha Mãe Soava Terrivelmente Falsa, de Matéi Visniec.

Os títulos de seus romances são mesmo curiosos! Veja o caso de Cuidado com as Velhinhas Carentes e Solitárias. Essa edição contém várias peças que tratam do sentido da vida e da morte e o valor das coisas e das pessoas.

Cuidado com as Velhinhas Carentes e Solitárias, de Matéi Visniec.

Em Paparazzi ou A Crônica de um Amanhecer Abortado seguida de A Mulher como Campo de Batalha ou Do Sexo da Mulher como Campo de Batalha na Guerra da Bósnia, os personagens, perdidos em um mundo no qual o pensamento não existe mais, vivem uma longa e difícil noite rumo a um dia de caos.

A segunda peça, A Mulher como Campo de Batalha, conta a história de duas mulheres que se encontram depois do conflito bósnio e tentam contar suas histórias uma para a outra para encontrar forças para continuar suas trajetórias.

 

Paparazzi ou A Crônica de um Amanhecer…, de Matéi Visniec.

O título O Rei, o Rato e o Bufão do Rei trata-se da história de um rei expulso de seu reino com seu bufão, e são abordados na trama os temas rejeição, lealdade, razão e loucura.

O Rei, o Rato e o Bufão do Rei, de Matéi Visniec.

Que leitura maravilhosa essa comédia de humor ácido. Para leitores que adoram uma trama impetuosa, O Espectador Condenado à Morte funciona como uma advertência aos que creem estar sob o abrigo da regressão social.

O Espectador Condenado à Morte, de Matéi Visniec.

Já ouviu falar no Negociante de Inícios de Romance? O livro conta a história de um aspirante a escritor que encontra um sujeito que se intitula responsável pela criação da frase de abertura de vários romances de sucesso, como os de Albert Camus, Franz Kafka, Herman Melville e Thomas Mann. Uma obra original e cheia de aventura.

O Negociante de Inícios de Romance, de Matéi Visniec.

A edição de Os Bolsos Cheios de Pão e Outras Peças Curtas traz quatro peças instigantes e politizadas: “Os bolsos cheios de pão”, “O último Godot”, “A aranha na chaga” e “Segunda tília à esquerda”.

Os Bolsos Cheios de Pão e Outras Peças Curtas, de Matéi Visniec.

Cartas de Amor a uma Princesa Chinesa e Outras Peças Curtas trata-se de uma coletânea com sete peças: “Cartas de amor a uma princesa chinesa”, “Como coloquei um caracol em seus seios”, “O viajante na chuva”, “Os olhos da falésia”, “Essa forma de emoção que é a aquisição temporária de um par de sapatos”, “Uma banheira revolucionária” e “Refeição com a morte”. Para dias inesquecíveis de boa leitura!

Cartas de Amor a uma Princesa Chinesa e Outras Peças Curtas, de Matéi Visniec.

Nina ou Da Fragilidade das Gaivotas Empalhadas é uma espécie de releitura. Visniec revisita A Gaivota, de Tchékhov, trazendo seu olhar fantástico para o universo tchekhoviano.

Nina ou Da Fragilidade das Gaivotas Empalhadas, de Matéi Visniec.

Perguntas peculiares envolvem o título Pesquisa sobre o Desaparecimento de um Anão de Jardim. Por exemplo: o que acontece no jardim enquanto todos dormem? Existe algo como uma confraria de anões de jardim? Os humanos conseguiriam conversar com eles? Obra de Visniec fruto de uma oficina de teatro dada a adolescentes, a peça possui nove cenas.

Pesquisa sobre o Desaparecimento de um Anão de Jardim, de Matéi Visniec.

Em Por Que Hécuba, a história começa a partir do fim do mito, quando Hécuba, rainha de Troia, é transformada em cadela.

Por Que Hécuba, de Matéi Visniec.

Ricardo III Está Cancelada – Ou Cenas da Vida de Meierhold trata da censura política, da vida de Meierhold e da força do teatro, que faz tremer os poderes totalitários.

Ricardo III Está Cancelada – Ou cenas da vida de Meierhold, de Matéi Visniec.

Teatro Decomposto ou O Homem-Lixo – Textos para um Espetáculo-Diálogo de Monólogos pode ser lido em qualquer ordem. Os textos são módulos para composição teatral.

Teatro Decomposto ou O Homem-Lixo, de Matéi Visniec.

Em Três Noites com Madox, o leitor é envolvido em uma narrativa cheia de humor, com suas pistas misteriosas, a respeito de quem, verdadeiramente, esteve com Madox.

Três Noites com Madox, de Matéi Visniec.

Por fim, Da Sensação de Elasticidade Quando se Marcha sobre Cadáveres tem como cenário a Romênia comunista. E é uma espécie de homenagem dos mentores de Visniec: Eugène Ionesco.

Da Sensação de Elasticidade Quando se Marcha sobre Cadáveres, de Matéi Visniec.

É Realizações: verdadeira entusiasta de Matéi Visniec! Por qual das obras você começará a conhecer o universo fantástico do dramaturgo romeno?

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