Sinopse
O teatro é povoado de personagens que proferiram palavras filosóficas. Ninguém se espanta, portanto, de ver um filósofo chegar ao patamar de personagem. Mas se as intenções de Vladimir e Estragon podem se tornar filosóficas, é porque são antes de tudo teatrais. (...) Inversamente, se o filósofo aparece em cena para discorrer como nos seus livros, assistiremos – na melhor das hipóteses – a uma conferência. Não se pode, portanto, deixar de ficar legitimamente prudente diante do projeto de teatralização de Cioran por Matéi Visniec. Incluindo no título o nome do filósofo, o autor anuncia claramente sua paleta. (...) A personagem principal se chama, portanto, Cioran. E mais: Emil Cioran – e não Emil C., por exemplo – e seu texto é recheado de referências ao pensamento e à vida do filósofo. Não resta, portanto, qualquer dúvida. Cioran é a matéria-prima dessa peça de um autor até agora mais ligado à alegoria e ao fantástico grotesco do que à biografia ou à filosofia (...)
Gilles Losseroy