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Filosofia Verde: confira trechos do livro de Roger Scruton

Autor usa abordagens multidisciplinares para tecer seus argumentos, sobretudo da filosofia, da psicologia e da economia.

Filosofia Verde

No livro Filosofia Verde – Como pensar seriamente o planeta, Roger Scruton escreve: “Há uma lição para os ambientalistas. Nenhum projeto de larga escala terá êxito se não estiver enraizado no raciocínio prático de pequena escala.

Com tradução de Maurício G. Righi, a publicação é leitura urgente para interessados em:

  • Ecologia
  • Ética
  • Políticas ambientais
  • Sustentabilidade

Ou, simplesmente, para quem pretende viver o futuro ou deixar um lugar melhor para filhos e netos. Logo no início da obra, Scruton escreve:

O movimento ambientalista é hoje identificado, por representantes e antagonistas, como ‘de esquerda’: um protesto em defesa dos pobres e oprimidos em sua luta contra as grandes corporações, contra o consumismo e contra as estruturas de poder. Mas essa imagem é altamente enganosa.

Em Filosofia Verde, o pensador inglês desenvolve um olhar “alternativo” para os problemas ambientais. E, para ele, esse olhar trata-se de algo que está em “concordância com a natureza humana e com a filosofia conservadora”.

Além disso, suas reflexões são extraídas das atitudes mais rotineiras. Por essa mesma razão, o leitor não deve esperar da obra “soluções detalhadas a problemas específicos”, como escreve o próprio Scruton.

O que o autor apresenta é uma perspectiva dos problemas e de que forma eles devem ser tomados como nossos. Em outras palavras, ele apresenta a questão ambiental em seu todo.

Roger Scruton usa abordagens multidisciplinares para tecer seus argumentos. Apoia-se na filosofia, na psicologia, na economia, além de artigos especializados, escritos por ecologistas e historiadores.

Filosofia Verde: conceito de oikophilia

Um dos pilares mais interessantes em que Scruton se apoia é o conceito de oikophilia, que consiste no amor que um indivíduo deve ter por seu lar — e, nesse recorte, lar representa o planeta terra.

Para o filósofo inglês, também autor de Beleza, a responsabilidade de cuidar do meio ambiente também é dos conservadores.

Descrevo esse motivo (ou essa família de motivos) como oikophilia, amor do oikos, da casa. Esse termo grego aparece, em sua forma latinizada, como “economia” e “ecologia”; mas eu o uso a fim de descrever o profundo estrato da psique humana que os alemães chamam de Heimatgefühl.

O autor de O Que é Conservadorismo faz um convite aos conservadores:

Alguns autointitulados conservadores têm sido muito criticados — geralmente com razão — por sua crença de que todas as decisões políticas seriam, no fundo, decisões econômicas e de que as soluções de mercado seriam as únicas soluções de fato. Não obstante, a ênfase conservadora no econômico só começará a fazer sentido se recolocarmos o oikos na oikonomia.

O que o autor quer dizer com isso?

Respeito ao oikos é a verdadeira razão pela qual os conservadores se divorciaram do atual ativismo ambientalista. Ambientalistas radicais tendem a suspeitar dos sentimentos nacionais. Eles repudiam as antigas hierarquias e lutam para suprimir o legado dos mortos, fazendo-se absolutamente insensíveis ao pensamento de Burke segundo o qual, ao fazerem isso, eles também suprimem os não nascidos. Eles tendem a definir os seus objetivos em termos globais e internacionais apoiando ONGs e grupos de pressão que lutarão contra as multinacionais, mas em seus próprios termos e com armas que ignoram a soberania nacional.

A discussão parece crescer? Tratando-se de Scruton, certamente. Por isso a leitura merece ser apreciada na íntegra.

Filosofia Verde possui 416 páginas e pertence à Coleção Abertura Cultural, um dos projetos editoriais mais interessantes do Brasil, pois oferece não apenas leituras para entender o mundo, mas também para tecer interpretações autônomas e profundas.

Confira mais trechos de Filosofia Verde

“Liberdade individual pressupõe liberdade econômica, e esta, por sua vez, implica a liberdade de explorar os recursos naturais para fins financeiros. A madeireira que devasta uma floresta tropical, a mineradora que decepa uma montanha, a empresa automobilística que despeja intermináveis levas de veículos, os fabricantes de refrigerantes que produzem milhões de garrafas plásticas todos os dias — todos estão obedecendo (ou de qualquer forma parecem estar obedecendo) às leis de mercado, e todos, a não ser que sejam monitorados, estarão destruindo alguma parte de nossa herança comum.”

Logo de início, Roger Scruton mostra as origens e os olhares diferentes a respeito do ambientalismo. Veja alguns exemplos.

Ambientalismo inglês

“Na Grã-Bretanha, o ambientalismo deita suas raízes no culto iluminista da beleza natural e na reação, no século XIX, contrária à Revolução Industrial, em que tories e radicais tiveram importância semelhante; ademais, o antagonismo inicial contra a agricultura industrializada teve o apoio de socialistas de guildas como H. J. Massingham, tories como Lady Eve Balfour, gurus seculares como Rudolf Steiner e radicais excêntricos como Rolf Gardiner, que se valeu das ideias da esquerda e da direita e foi caracterizado (por Patrick Wright) como fascista.”

Ambientalismo americano

“O ambientalismo americano incorpora a adoração à natureza de John Muir, o individualismo radical de Thoreau, o transcendentalismo de Emerson, o ‘ecocentrismo’ de Aldo Leopold e o conservadorismo social dos Southern Agrarians – grupo de escritores tipificados pelo nostálgico poeta Allen Tate e representado em nossos dias por Wendell Berry.”

Ambientalismo francês

“O ambientalismo francês é filho de conservadores do pays réel, como Gustave Thibon e Jean Giono, ao passo que os Verdes alemães herdaram aspectos do romantismo do movimento Wandervogel, do início do século XX, como também a visão de lar e povoamento, tão maravilhosamente descrita pelos poetas românticos alemães e adotada, em nossos tempos, pelo ex-nazista Martin Heidegger e, em tom mais lúcido e liberal, por seu aluno judeu Hans Jonas.”

Ambientalismo para conservadores

“Existe outro e melhor motivo para pensar que conservadorismo e ambientalismo têm naturezas afins. Da forma como o compreendo, o conservadorismo é a manutenção da ecologia social. É verdade que a liberdade individual é parte dessa ecologia, uma vez que sem ela os organismos sociais não conseguem se adaptar. […] Conservadorismo e conservação são dois aspectos de uma única política de longo prazo: gerenciar recursos e assegurar sua renovação. Esses recursos incluem o capital social das leis, dos costumes e das instituições; incluem também o capital material contido no meio ambiente e o capital econômico de uma economia livre sob o regime das leis.”

“Parece-me que esse é o caminho para o qual um ambientalismo e um conservadorismo sérios apontam — isto é, o lar, o lugar onde estamos e que compartilhamos, o lugar que nos define, que asseguramos aos nossos descendentes, e que não queremos estragar.”

Considerado o pensador conservador mais influente desde Edmund Burke, Roger Scruton faz um alerta aos conversadores que estão à parte das questões ambientais. Será você um deles?

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Filosofia Verde, de Roger Scruton.

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