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Da Alegria no Leste Europeu e na Europa Ocidental: leia trechos do livro

Obra de Andrei Pleșu é excelente para conhecer a realidade de um país tomado pelo comunismo.

Da alegria no leste europeu

Da Alegria no Leste Europeu e na Europa Ocidental — E outros ensaios é um interessantíssimo livro do escritor romeno Andrei Pleșu. Nele, o autor narra a vida sob o regime comunista.

Uma mescla de crônica, ensaio e discussão filosófica, a leitura, apesar de breve, é muitíssimo instigante. Com tradução de Elpídio Mário Dantas Fonseca, a publicação possui 120 páginas e é composta por quatro ensaios:

  • Da alegria no Leste Europeu e na Europa Ocidental
  • Das elites no Leste e no Oeste
  • Tolerância e o intolerável: crise de um conceito
  • As ideologias entre o ridículo e a subversão

Um excelente livro para conhecer a realidade de um país tomado pelo comunismo, Da Alegria no Leste Europeu e na Europa Ocidental —E outros ensaios é também uma ótima opção de presente para quem se interessa por:

  • Ciências sociais
  • Ensaios
  • Europa
  • Leste Europeu
  • Vida intelectual
  • Política
  • Tolerância

Confira trechos da obra!

Trechos de Da Alegria no Leste Europeu e na Europa Ocidental

“Minhas lembranças da revolução de Bucareste são mais modestas: recordo-me de fato diverso, de medos concretos, de detalhes mais ou menos significativos. Por exemplo, o primeiro grito de vitória que ouvi, a primeira alegria articulada, atestando a mudança radical dos tempos, veio da parte de uma vizinha boa gente, sem nenhum tipo de apetência revolucionária. Ela entrou impetuosa no quintal, passando, heroica, por entre balas, e proclamou, em benefício de todo o bairro:  ‘No armazém da esquina há azeitonas! E não há fila!’. Senti imediatamente o aroma do futuro. Senti que estávamos no limiar de uma mudança decisiva: doravante vamos ter azeitonas. E vamos poder comprá-las em qualquer quantidade, sem sequer ficarmos na fila. Do meu ponto de vista, era uma realização suficiente para justificar uma revolução…”

“A  ‘normalidade’ da Europa Ocidental consta de uma lista extensa de  ‘obviedades’: é óbvio encontrares de comer; teres aquecimento em casa quando está frio lá fora; teres, sem interrupção, energia elétrica; passar o ônibus no horário; teres passaporte; encontrares-te com quem quiseres; creres no que quiseres; escreveres e publicares o que quiseres. É óbvio xingares o governo, vaiares as forças de ordem, veres filmes do mundo inteiro, leres qualquer autor, usares ou não barba e cabelos longos; teres quantos filhos quiseres; teres, em geral, direitos individuais que as instituições têm de respeitar. Nada disso era óbvio para o cidadão de um país comunista. Daí, quando, por acaso, por exceção ou pela magnanimidade arbitrária do poder, um ou outro dos pontos da lista acima era contraditado pela realidade, quando tinhas aquecimento, ou luz, ou passaporte, ou azeitonas, quando publicavam algum livro teu, ou não esperavas o ônibus por mais de meia hora, tinha todos os motivos para te alegrares. O improvável tornava-se possível. O mínimo adquiria proporções solenes.”

“Diria que à Europa Ocidental eram acessíveis, em medida maior do que a nossa, as alegrias simples. Nós estávamos na situação de nos alegrarmos com as alegrias mínimas.”

“O passado imediato é lúgubre, o presente é difícil e o futuro incerto.”

“Conhecemos bem nossos pecados, sabemos a nosso respeito coisas inestimáveis, estamos, não uma vez, em desacordo com o que fazemos, mas de uma vez para outra olhamo-nos com simpatia suficiente: compreendemo-nos, suportamo-nos, perdoamo-nos. Prevalece o sentimento de que somos, no fundo, homens de bem,  ‘good guys’, figuras honradas. De qualquer modo, não somos tão maus quanto parecia nem, principalmente, tão maus quanto os outros.”

“Uma ilustração menor, mas significativa da tolerância diante de si, é a complacência que geralmente temos diante de nossos hábitos. Por mais ridículos, por mais maníacos, eles são nessa medida parte de nós, enquanto não levamos em consideração a sua reforma eventual.”

“A experiência da tolerância é, todavia, uma experiência comum até fora das relações consigo ou com o próximo. É muito disseminada, na vida diária, a variante — digamos — “fraca” da tolerância, chamada indulgência. Sabes que acontece uma irregularidade, não concordas com o cometimento dela, mas passas em silêncio, finges que não notas a existência dela. (…) Os pequenos pecados, os que temos todos nós ou que tivemos, como todo o mundo, em outra etapa da vida, têm de ser tratados com brandura, abafados, esquecidos. A indulgência é a tolerância dos avós que provam, farsantes, com o rabo do olho, das deliciosas brincadeiras dos netos.”

“O aterrorizado por uma ditadura está inerte não porque é tolerante com a ditadura, mas porque é timorato pelos recursos repressivos dela. No segundo caso, a tolerância cai na retórica da hipocrisia: a esposa ou o marido que, sabendo-se traído pelo parceiro, aceita a situação para preservar as conveniências, parece cultivar a tolerância, mas, de fato, está talvez resignado, por amor da autoimagem e da do casal.”

“A tolerância é, portanto, a expressão de um organismo político vigoroso, garantia de sanidade do corpo social. A lassidão, a suspensão dos critérios, a anarquia, a confusão dos valores, a indigência das instituições, o relativismo dissolvente não são sinais de uma riqueza de tolerância, mas de fenômenos de degenerescência. A verdadeira tolerância é o antípoda da fraqueza.”

“A tolerância é a solução socialmente conveniente de um desacordo.”

Conheça outros livros de nosso catálogo!

Navegando em nossa loja on-line, além de Da Alegria no Leste Europeu e na Europa Ocidental – E outros ensaios, você também encontra mais livros sobre comunismo, como Viagens aos Confins do Comunismo, de Theodore Dalrymple, que apresenta relatos das viagens do autor a Albânia, Coreia do Norte, Romênia, Vietnã e Cuba.

Viagens aos Confins do Comunismo, de Theodore Dalrymple.

Outra sugestão é O Fim dos Ceausescu – Morra fuzilado como um animal selvagem, de Grigore Cartianu, livro no qual conta a história do fim do regime comunista na Romênia e como ocorreu a morte do ditador Nicolae Ceausescu.

O Fim dos Ceausescu, de Grigore Cartianu.

As sugestões imperdíveis não param por aí. Que tal mergulhar na leitura da ficção Luvas Vermelhas, de Eginald Schlattner? O romance autobiográfico narra as dificuldades da vida sob o regime comunista.

Da Alegria no Leste Europeu
Luvas Vermelhas, de Eginald Schlattner.

Nada como conhecer a realidade nua e crua de determinado lugar através do testemunho de seus locais, não é mesmo?

Em nosso catálogo tem muito mais para você conhecer, se aprofundar e, depois, tecer suas próprias opiniões acerca dos temas em voga no contemporâneo.

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