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Qualquer Coisa Serve: leia trechos do livro de Theodore Dalrymple

"Por mais que seja fácil reconhecer o mal, é difícil caracterizá-lo do ponto de vista filosófico", escreve o autor.

Qualquer Coisa Serve

Em Qualquer Coisa Serve, Theodore Dalrymple tece uma reflexão a respeito do mal e suas consequências na cultura de nosso tempo. “Por mais que seja fácil reconhecer o mal, é difícil caracterizá-lo do ponto de vista filosófico.”

Com tradução de Hugo Langone, a obra reúne ensaios escritos entre 2005 e 2009 para o New English Review e integra a Coleção Abertura Cultural.

Para leitores interessados no gênero ciências humanas e sociais, o livro de crítica cultural possui apenas 272 páginas, sendo, portanto, uma ótima sugestão de presente em qualquer ocasião.

Com sua escrita típica, envolvente e profunda, Theodore Dalrymple disseca em Qualquer Coisa Serve as diversas facetas do mal relatando, ao mesmo tempo, experiências de viagens e de seu cotidiano.

Como escreve na introdução: “Fiquei desconcertado ao descobrir o grau de maldade que as pessoas, sem que se sentissem coagidas pelas circunstâncias, eram capazes de causar umas às outras”.

O ex-psiquiatra, que atuou por quase toda a vida no sistema penitenciário inglês, reflete:

“Há muito que me vem preocupando o problema do mal. Uma vez que não sou filósofo, não tenho nenhuma explicação satisfatória a oferecer sobre ele – na verdade, tampouco possuo para ele uma definição que me satisfaça. A meu ver, o mal é o que foi a poesia para o doutor Johnson: é mais fácil expressar o que não é do que aquilo que é. Tudo o que sei com certeza é que se trata de algo que a gente vê muito por aí – o mal, digo, e não a poesia”.

Entre os exemplos do que viu sobre a natureza do mal, relata: “Haveria outra forma de descrever, por exemplo, a atitude do homem que joga ácido no rosto da namorada a fim de desfigurá-la e torná-la, assim, pouco atraente aos outros? Ou da mãe que bota os filhos pré-adolescentes na rua para poder desfrutar dos prazeres de seu novo amante?”.

Leitura instigante, Qualquer Coisa Serve, de Theodore Dalrymple, leva a outras reflexões filosóficas, tais como:

“Seria o mal positivo ou negativo? Seria mera ausência do bem ou algo que nos atrai do mesmo modo como o ímã atrai as limalhas de ferro? Seria plausível dizer que homem nenhum comete o mal conscientemente – isto é, que o mal não passa da ignorância daquilo que é certo — e que, ao ser corrigido, ele é automaticamente eliminado?”.

Confira trechos de Qualquer Coisa Serve

“Ali onde os meios justificam os fins – como no caso da maior parte das ideologias –, o assassinato em massa se torna mais provável. Nos estados ideologizados, talvez ele seja mesmo inevitável. A capacidade e o prazer da crueldade, latentes em quase todo coração humano, aliam-se então a um propósito supostamente superior, quiçá até transcendente. O pecado original se encontra com o condicionamento social. Um círculo vicioso então se estabelece: por fim, a própria violência passa a ser tomada como sinal tanto de lealdade quanto de um propósito mais elevado.”

“A grandeza de um crime, portanto, é garantia da grandeza de sua motivação. Afinal, quem ordenaria a deportação de nações inteiras, quem causaria fome, quem faria milhões trabalharem até morrer, quem atiraria numa quantidade indizível de pessoas, se não estivesse munido de um propósito valoroso e superior? Além disso, quanto maior é a crueldade com que são praticadas todas essas coisas, maior deve ser o propósito que as justifica. Tomar parte no pior dos crimes, portanto, é ser o melhor dos homens. Foi sob o comunismo (e também sob o nazismo) que a injunção ética de Norman Mailer, segundo a qual é preciso cultivar o psicopata interior, tornou-se tanto uma política governamental quanto uma atitude prudente.”

“Um ateu que discordaria veementemente de mim é Richard Dawkins, biólogo e polemista impiedoso. No livro Deus, um Delírio, hoje best-seller em todo o mundo (embora não nos países islâmicos, onde talvez ele se faça mais necessário), o autor manifesta um ódio à religião de que eu, que não tenho fé e acredito ao menos em algumas das coisas em que ele também crê (na natureza bastante desagradável da divindade tal qual retratada no Antigo Testamento, por exemplo), não consigo compartilhar. Não odeio a religião – na verdade, sou mesmo a favor dela. Assemelho-me a Gibbon, que ao tratar do sincretismo religioso romano declarou, admirado, que o povo achava que todas as religiões eram igualmente verdadeiras, que os filósofos as julgavam igualmente falsas e que os magistrados as consideravam igualmente úteis, sem porém haver qualquer conflito sobre o assunto. Ou seja: a religião era útil por melhorar o comportamento humano e mantê-lo lícito.”

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Qualquer Coisa Serve

Qualquer Coisa Serve, de Theodore Dalrymple.

Livros de Theodore Dalrymple em português

Confira a lista completa dos livros de Theodore Dalrymple publicados em português e complete sua coleção!

  • A Vida na Sarjeta
  • Podres de Mimados
  • Nossa Cultura… ou o que Restou Dela
  • Em Defesa do Preconceito
  • O Prazer de Pensar
  • A Nova Síndrome de Vichy
  • Não com um Estrondo, mas com um Gemido
  • Viagens aos Confins do Comunismo
  • Evasivas Admiráveis
  • Qualquer Coisa Serve
  • A Faca Entrou
  • Lixo – Como a Sujeira dos Outros Molda a Nossa Vida
  • Tanto por Fazer
  • O Terror da Existência
  • Falso Positivo

Leia também: Livros essenciais de Theodore Dalrymple

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