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Como Ler Livros – O guia clássico para a leitura inteligente

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O que esperar de um livro chamado Como Ler Livros? O que explica que ele tenha se tornado um best-seller?

A resposta é simples: esta obra aumenta o proveito que podemos tirar de todas as demais leituras que fazemos.

Isso é o que tem sido atestado pelo público americano desde o lançamento da primeira edição do título, em 1940. E é o que comprovam os milhares de leitores da edição brasileira.

Este texto lhe dará: um resumo das dicas de Como Ler Livros; um aperitivo de seu conteúdo (reproduzindo um apêndice que lista as obras recomendadas por Mortimer Adler e Charles Van Doren); uma apresentação biográfica dos dois autores; uma visão sobre a importância da obra para as discussões sobre livros e leitura; e algumas opiniões já expressas sobre o título.

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Mortimer J. Adler e Charles Van Doren, autores de Como Ler Livros. [Imagem: Divulgação]

De saída, fica o recado: não se assuste com o tamanho do volume! As mais de 400 páginas de Como Ler Livros se explicam pela profundidade e pela abrangência da exposição de Adler e Van Doren. Mesmo assim, o conteúdo está dividido em seções curtíssimas, de (em média) 2 páginas cada uma, que são tão ricas quanto fáceis de ler.

Outro aviso importante é que o livro antigo (às vezes disponível em sebos) A Arte de Ler, de Mortimer Adler, não corresponde à última edição da obra. Também não é igual ao livro A Arte da Leitura, de Adler e Van Doren, que reproduz os episódios de um programa de TV apresentado pelos autores durante os anos 1970 nos Estados Unidos.

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Capa da versão brasileira de Como Ler Livros, publicada pela É Realizações Editora. [Imagem: Divulgação]

A Arte da Leitura e Como Ler Livros (na edição brasileira de 2010) consistem no tratamento definitivo que Mortimer Adler dedicou ao tema dos livros e da leitura – já não mais sozinho, mas sim com o auxílio do comunicador Charles Van Doren.

A edição da É Realizações de Como Ler Livros corresponde à última versão, de 1972, que reformulou completamente as edições de 1940 e 1967. Comparada a A Arte de Ler, apresenta longos trechos inéditos e mudanças na abordagem, para adequar-se aos novos problemas da educação americana – em muito parecidos com os da educação brasileira.

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Capa da antiga edição brasileira de Como Ler Livros. Esta versão é anterior à reescrita da obra por Adler em parceria com Van Doren. [Imagem: Divulgação]
Tudo que Como Ler Livros ensina deveria ser ensinado nas escolas. Mas, como os autores demonstram relatando experiências pessoais, o sistema de ensino americano já não era capaz de transmitir esses preceitos básicos sobre como estudar.

Por suprir essa lacuna, a obra liderou por meses a fio a lista de livros mais vendidos nos Estados Unidos, ultrapassando a marca de meio milhão de exemplares impressos. Também aqui no Brasil, tem sido um sucesso de vendas.

Adler e Van Doren esclarecem que o conhecimento se desdobra em diferentes tipos. Existe a informação, que se extrai de um autor que, no assunto de que trata, está no mesmo nível que o leitor. Há o conhecimento prático, que só se concretiza com a experiência. E há a compreensão, conquistada quando se toma contato pela primeira vez com certa ideia.

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Os autores esclarecem que o conhecimento se desdobra em diferentes tipos: informação, conhecimento prático e compreensão. [Foto: Pixabay]

Qualquer que seja o seu nível de experiência com a leitura, algum desses tipos de conhecimento será certamente adquirido ao conhecer Como Ler Livros. Um bom conhecimento sobre a própria obra você também pode adquirir continuando a leitura deste post!

Com a leitura deste texto e de Como Ler Livros, você será capaz de extrair conhecimento de todas as leituras que vier a fazer.

Sinopse de Como Ler Livros

Neste clássico, Mortimer Adler e Charles Van Doren ensinam a praticarmos a leitura em diferentes níveis – elementar, inspecional, analítica e sintópica – e ajudam a adequarmos nossa expectativa e nossa forma de leitura ao tipo de livro que pretendemos ler.

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Esquema visual (em inglês) de Como Ler Livros, criado pela leitora Sacha Chua. [Fonte: Twitter]
Nestes tempos em que há textos para onde quer que nós olhemos – tanto em blogs como em jornais, tanto impressos como em PDF –, Como Ler Livros tornará muito mais proveitoso o contato com as obras que estão aguardando a sua leitura: seja na sua estante real, seja na sua estante virtual.

Como você verá, este é um valioso tratado de filosofia da educação!

Resumo e avaliação da obra

Como Ler Livros está dividido em quatro partes: “As dimensões da leitura”, “O terceiro nível de leitura: a leitura analítica”, “Como ler diversos assuntos” e “Os fins últimos da leitura”.

O auxílio que a obra fornece é mais que simplesmente ensinar a ler com maior rapidez ou maior intensidade. Adler e Van Doren ajudam-nos a identificar os propósitos de cada livro e dedicar à sua leitura a medida adequada de tempo e de esforço.

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Como Ler Livros ensina muito mais do que apenas a ler com maior rapidez ou maior intensidade. [Foto: Pixabay]
  • Parte 1 – As dimensões da leitura

As dimensões da leitura são várias: pode-se ler de maneira ativa, engajada, assim como para o mero entretenimento; tanto com o fim de entender como para somente recortar informações. Mais exatamente, Como Ler Livros distingue quatro níveis possíveis de leitura:

O nível elementar é o do recém-alfabetizado, que é capaz de, com algum esforço, inteligir o que está sendo dito por um texto. O leitor desse estágio ignora, consciente ou inconscientemente, a articulação mantida entre as diferentes partes da obra, sua estrutura e sua relação com outros escritos do mesmo gênero.

No nível inspecional, ou averiguativo, ainda não se busca um entendimento abrangente do livro; mas já se empregam técnicas que pretendem fazer algo além de inteligir o que está sendo dito. Esta é a leitura que capta uma impressão geral do livro, identificando seus temas principais – algo útil quando se está em uma livraria, por exemplo.

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O nível de leitura inspecional, que capta uma impressão geral dos livros, é muito útil quando se está em uma livraria. [Foto: Pixabay]
Em situações desse tipo, a dica é fazermos uma pré-leitura e uma leitura superficial.

Primeiro: examinar o título, a contracapa, as orelhas, o sumário, os índices, os prefácios e as notas do editor. Folhear o livro lhe dará uma noção geral de sua estrutura, o que possibilitará o segundo passo:

Ir diretamente aos lugares de que devem constar os trechos mais importantes. Os parágrafos finais de cada capítulo, em especial, informarão muito sobre o que o livro tem a oferecer.

  • Parte 2 – O terceiro nível da leitura: a leitura analítica

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O objetivo da leitura analítica é de fato compreender o livro, tanto em sua totalidade como nas minúcias de cada capítulo. [Foto: Pixabay]
A exposição do estágio analítico da leitura ocupa uma parte inteira de Como Ler Livros. Este é o nível em que de fato se apreende a estrutura da obra: como o argumento é construído, ou como a história é conduzida.

Nesta etapa o objetivo é realmente compreender o livro, tanto em sua totalidade como nas minúcias de seus capítulos. O propósito é triplo – a um só tempo: estrutural, interpretativo e crítico. É para cumprir este fim que Adler fornece as dicas da segunda parte de Como Ler Livros.

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Mapa mental (em inglês) de Como Ler Livros, criado pelo leitor Timoleon Wash. [Fonte: Imgur]
Primeiro, reconhecer a categoria do texto que será lido – se imaginativo ou expositivo, se teórico ou prático, e de qual gênero em particular: se poesia, teatro, prosa, história, ciência ou filosofia.

Em segundo lugar, identificar os diferentes passos do argumento construído (ou da narrativa imaginada) pelo autor. Grifos e anotações serão indispensáveis para se cumprir esta etapa.

Terceiro: é preciso assimilar (e aceitar, ainda que temporariamente) os termos que o autor emprega para desenvolver a sua obra. Sem atribuir às palavras (principalmente às que lhe causarem estranheza!) o exato sentido que o autor espera que você atribua, será impossível compreender o livro.

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Grifos e anotações serão indispensáveis para compreender um livro, no caso da leitura analítica. [Fonte: Pixabay]
Mas clarificar os termos não é suficiente. A quarta dica consiste em identificar a importância que cada trecho assume comparado à totalidade da obra. Ou seja: diferenciar as frases-chave, as proposições, os argumentos, as soluções.

Somente cumprindo esses requisitos estaremos capacitados a avaliar criticamente um escrito.

Como Ler Livros fornece uma quinta classe de dicas, para reagirmos a um texto evitando dois extremos: de um lado, a passividade que nos faria vulneráveis a toda teoria ou ideia; de outro lado, a precipitação que nos levaria a “discutir” com um autor sem tê-lo primeiramente escutado.

Um sexto grupo de dicas para a leitura analítica diz respeito à utilização de recursos externos ao livro: como consultar resumos, dicionários, enciclopédias e similares.

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Consulta a resumos, dicionários, enciclopédias e similares compõe o sexto grupo de dicas para a leitura analítica. [Foto: Pixabay]
  • Parte 3: Como ler diversos assuntos

Já que essas dicas se aplicam principalmente às leituras teóricas, a terceira parte de Como Ler Livros aprofunda as especificidades dos livros práticos e dos livros imaginativos. Trata, também, dos desafios peculiares a estas categorias de textos.

Não se trata de um “ajuste” na tese de Adler e Van Doren, mas de um elemento essencial a ela. Afinal, os autores supõem desde o início, como bons defensores da educação liberal, que os diferentes tipos de literatura estão organicamente integrados, refletindo a natureza harmônica do ser humano e de nosso conhecimento.

São esclarecedoras as observações dos autores sobre as diferenças entre autobiografias e biografias (comuns, definitivas ou autorizadas). Igualmente sobre o sentido em que os poemas épicos são a maior realização literária da humanidade. Assim como sobre a proximidade que a história tem tanto à ciência como à literatura.

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Segundo a educação liberal, os diferentes tipos de literatura estão organicamente integrados, refletindo a natureza harmônica do ser humano e de nosso conhecimento. [Foto: Pixabay]
Também são de enorme auxílio sugestões como a de ler histórias ficcionais de uma vez, ou no período mais curto possível (desejando chegar a seu fim, sem se embaraçar com os detalhes). Sobre os poemas, por outro lado, é sugerido lê-los duas vezes, e ao menos numa delas em voz alta, declamando seus versos.

Quanto às peças de teatro, só é possível absorvê-las plenamente quando se assiste à sua encenação. As leituras de ciências sociais, convém organizar de acordo com temas, ao invés de autores ou obras, pois essas são disciplinas muito dinâmicas, que a todo momento se atualizam.

As dicas de Como Ler Livros o capacitarão inclusive, e especialmente, a ler as obras que estão acima do seu nível atual de conhecimento.

Diante de um escrito de ciência, o importante é entender seu método. Ao lidar com um texto de matemática, a meta é tornar-se competente na linguagem empregada pela disciplina. Quando o livro é de filosofia, o primeiro passo é identificar seu tipo: se diálogo, tratado, sistema, balanço de teses e objeções ou coletânea de aforismos.

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Uma dica valiosa é ler um livro de ficção no período mais curto possível, desejando chegar a seu fim, sem se preocupar com os detalhes. [Foto: Pixabay]
De todo modo, é enganosa a impressão de que os livros expositivos são mais difíceis do que os de literatura imaginativa. Na verdade, estes últimos implicam o desafio de “suspender as crenças”, de abrir-se às sensações que cada obra estimula. Ao fazer isto, verificamos que analisar pensamentos é muito menos complexo que analisar sensações.

  • Parte 4 – Os fins últimos da leitura

Como Ler Livros é, na prática, um programa integral de estudos, um tratado de filosofia da educação.

Por isso, sua parte final expõe aquele nível de leitura em que de fato o indivíduo se torna participante da “grande conversação” civilizacional. E acrescenta a esta exposição alguns pensamentos sobre o cultivo saudável de uma vida de estudos.

O quarto e último estágio de leitura, o sintópico (ou comparado), se apoia sobre auxílios intrínsecos e extrínsecos. Os do primeiro grupo são os mesmos da leitura inspecional (ou averiguativa). Os do segundo grupo são peculiares à leitura sintópica, mas como que aprofundam o que já é feito no estágio analítico.

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O nível sintópico de leitura é aquele em que de fato o indivíduo se torna participante da “grande conversação” civilizacional. [Foto: Pixabay]

A finalidade maior do nível sintópico é, além de entender a mensagem própria do livro, saber situá-lo no quadro do pensamento universal.

De quais outros conceitos, autores, tradições e períodos cada obra se aproxima? Em que ela concorda, e do que discorda, com os demais textos?

Como auxílios externos para lidar com essas perguntas, é oportuno comparar cada livro com títulos relacionados, obras de referência, resenhas, até mesmo experiências – tanto as comuns (disponíveis para todos) como as especiais (vivenciadas por você, em particular).

Como Ler Livros ensina a dedicarmos a cada obra o tempo e o esforço que ela de fato exige e merece. Obviamente não são todos os textos que demandarão uma leitura sintópica – mesmo que a oportunidade de empregá-la seja o ponto alto da vida de estudos, para o qual todos os demais estágios da leitura encaminham.

Por isso mesmo, é importante ser criterioso na escolha do que ler.

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Seja criterioso na escolha da sua próxima leitura. [Foto: Pixabay]
Pensando nisso, Adler e Van Doren sugerem imaginarmos o conjunto das obras que ainda leremos como uma pirâmide. Ou seja: esse grupo de escritos necessita ter base larga, que sustente um crescimento contínuo porém seletivo, cada vez mais estreito.

É verdade que Como Ler Livros dá dicas até mesmo para a leitura de textos jornalísticos e publicitários. O que importa é perceber que essas orientações pretendem nos fazer não gastar mais tempo que o necessário com os textos superficiais. Assim estaremos livres para nos dedicar às obras relevantes com o cuidado que, de fato, é exigido por estas.

Na verdade, instruindo-se nos clássicos um indivíduo potencializa o proveito a extrair de todas as demais leituras que fizer.

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Não deixe que as demais leituras usurpem o tempo que poderia ser dedicado aos clássicos. [Foto: Pixabay]
Os clássicos são, para Adler, os livros que pela primeira vez comunicaram à humanidade as “grandes ideias” com as quais nós lidamos. É sempre segundo os termos destas – portanto, segundo o ensino dos clássicos – que lemos os livros e a própria realidade.

Muito pertinentemente, Como Ler Livros traz como apêndices uma lista de clássicos (reproduzida na seção seguinte do post) e uma sequência de testes para você exercitar cada um dos níveis de leitura, aplicados aos diversos gêneros literários.

Se quiser saber ainda mais sobre a obra, assista aqui à palestra de lançamento, ministrada por José Monir Nasser, prefaciador da edição brasileira:

Livros recomendados no apêndice

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Coleção Great Books [Grandes Livros], editada pela Enciclopédia Britânica sob a coordenação de Mortimer Adler. A mesma capacidade de selecionar os escritos mais relevantes do Ocidente foi empregada pelo autor para a composição desta lista que serve de apêndice a Como Ler Livros. [Imagem: WikiMedia]
O apêndice A de Como Ler Livros traz uma lista de leituras recomendadas, que servirá ao leitor como um roteiro de introdução aos clássicos da literatura ocidental.

São mais de 130 dicas (organizadas por autores, em ordem cronológica), que este post reproduz para você ter um aperitivo do universo de referências de Adler e Van Doren. Também, é claro, para conhecer o repertório de escritos que você estará apto a ler quando tiver assimilado os princípios expostos em Como Ler Livros:

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Capa da primeira edição americana de Como Ler Livros. [Imagem: Divulgação]
  1. Homero
    Ilíada
    Odisseia
  2. Velho Testamento
  3. Ésquilo
    Tragédias
  4. Sófocles
    Tragédias
  5. Heródot
    História
  6. Eurípides
    Tragédias (especialmente Medeia, Hipólito, Bacantes)
  7. Tucídides
    História da Guerra do Peloponeso
  8. Hipócrates
    Textos médicos
  9. Aristófanes
    Comédias (especialmente As Nuvens, Os Pássaros, As Rãs)
  10. Platão
    Diálogos (especialmente República, Banquete, Fédon, Mênon, Apologia de Sócrates, Fedro, Protágoras, Górgias, Sofista, Teeteto)
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    O próprio Adler, que insere Aristóteles nesta seleção de clássicos, escreveu uma apresentação introdutória de seu pensamento: Aristóteles para Todos – Uma introdução simples a um pensamento complexo. Confira agora! [Imagem: Divulgação]
  11. Aristóteles
    Obras (especialmente Organon, Física, Metafísica, Da Alma, Ética a Nicômaco, Política, Retórica, Poética)
  12. Epicuro
    Carta a Heródoto
    Carta a Meneceu
  13. Euclides
    Elementos (de Geometria)
  14. Arquimedes
    Obras (especialmente Do Equilíbrio dos Planos, Dos Flutuantes, O Arenário)
  15. Apolônio de Perga
    Sobre as Seções Cônicas
  16. Cícero
    Obras (especialmente Orações, Da Amizade, Sobre a Velhice)
  17. Lucrécio
    Sobre a Natureza das Coisas
  18. Virgílio
    Obras|
  19. Horácio
    Obras (especialmente as Odes e as Epodos, e A Arte da Poesia)
  20. Lívio
    História de Roma
  21. Ovídio
    Obras (especialmente as Metamorfoses)
  22. Plutarco
    Vida dos Nobres Gregos e Romanos
    Moralia
  23. Tácito
    Histórias
    Anais
    Agrícola
    Germânia
  24. Nicômaco de Gerasa
    Introdução à Aritmética
  25. Epicteto
    Discursos
    Enchyridion (Manual)
  26. Ptolomeu
    Almagesto
  27. Luciano
    Obras (especialmente Sobre o Modo de Escrever História, Uma História Verídica, Leilão de Vidas)
  28. Marco Aurélio
    Meditações
  29. Galeno
    Sobre as Faculdades Naturais
  30. Novo Testamento
  31. Plotino
    Enéadas
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    Santo Agostinho, um dos autores incluídos por Adler no roteiro de introdução aos clássicos ocidentais, escreveu, entre muitas outras obras, Sobre o Sermão do Senhor na Montanha – Incluído o Pai-nosso. Acesse o link para conhecer o título! [Imagem: Trecho de tela assinada por Simone Martini, exposta no Museu Fitzwilliam, em Cambridge]
  32. Santo Agostinho
    Obras (especialmente Sobre o Ensino, Confissões, A Cidade de Deus, A Doutrina Cristã)
  33. A Canção de Rolando
  34. A Canção do Nibelungo
  35. A Saga de Njal

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    Outro grande nome que consta das sugestões de Como Ler Livros é Santo Tomás de Aquino, autor de Questões Disputadas sobre a Alma, Questão Disputada sobre as Criaturas Espirituais, entre vários outros escritos. Não deixe de ler esses grandes livros! [Imagem: Tela de Carlo Crivelli]
  36. Santo Tomás de Aquino
    Suma Teológica
  37. Dante Alighieri
    Obras (especialmente Vida Nova, Sobre a Monarquia e A Divina Comédia)
  38. Geoffrey Chaucer
    Obras (especialmente Troilo e Créssida e Os Contos de Canterbury)
  39. Leonardo da Vinci
    Cadernos
  40. Nicolau Maquiavel
    O Príncipe
    Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio
  41. Erasmo de Rotterdam
    O Elogio da Loucura
  42. Nicolau Copérnico
    Sobre as Revoluções das Esferas Celestiais
  43. Thomas More
    Utopia
  44. Martinho Lutero
    Três Tratados
    Conversas à Mesa
  45. François Rabelais
    Gargântua e Pantagruel
  46. João Calvino
    Institutos da Religião Cristã
  47. Michel de Montaigne
    Ensaios
  48. William Gilbert
    Sobre o Ímã e os Corpos Magnéticos
  49. Miguel de Cervantes
    Dom Quixote
  50. Edmund Spenser
    Protalâmio
    A Rainha das Fadas
  51. Francis Bacon
    Ensaios
    A Evolução do Aprendizado
    Novo Organum
    Nova Atlântida

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    William Shakespeare, que também aparece entre as sugestões de Mortimer Adler, já recebeu incontáveis comentários – por exemplo, do crítico literário René Girard em Shakespeare – Teatro da inveja. Com certeza esta leitura será de grande proveito para você!
  52. William Shakespeare
    Obras
  53. Galileu Galilei
    O Mensageiro das Estrelas
    Duas Ciências Novas
  54. Johannes Kepler
    Epítome da Astronomia de Copérnico
    Sobre a Harmonia do Mundo
  55. William Harvey
    Sobre o Movimento do Coração e do Sangue nos Animais
    Sobre a Circulação do Sangue
    Sobre a Geração dos Animais
  56. Thomas Hobbes
    Leviatã
  57. René Descartes
    Regras para a Direção da Mente
    Discurso sobre o Método
    Geometria
    Meditações sobre a Filosofia Primeira
  58. John Milton
    Obras (especialmente Poemas Curtos, Areopagitica, Paraíso Perdido e Samson Agonistes [Sansão Guerreiro])
  59. Molière
    Comédias (especialmente O Misantropo, Escola de Mulheres, O Doente Imaginário e Tartufo)
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    Capa de As Provinciais, de Blaise Pascal. A obra é um dos títulos recomendados em Como Ler Livros para quem quiser se introduzir nos clássicos ocidentais. Adquira o seu exemplar! [Imagem: Divulgação]
  60. Blaise Pascal
    As Provinciais
    Pensamentos
    Tratados Científicos
  61. Christiaan Huygens
    Tratado sobre a Luz
  62. Espinosa
    Ética
  63. John Locke
    Carta sobre a Tolerância
    Sobre o Governo Civil (o segundo dos Dois Tratados sobre o Governo)
    Ensaio sobre o Entendimento Humano
    Alguns Pensamentos sobre a Educação
  64. Jean Baptiste Racine
    Tragédias (especialmente Andrômaca e Fedra)
  65. Isaac Newton
    Philosophiae Naturalis Principia Mathematica
    Óptica
  66. Gottfried Wilhelm von Leibniz
    Discurso de Metafísica
    Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano
    Monadologia
  67. Daniel Defoe
    Robinson Crusoé
  68. Jonathan Swift
    História de um Tonel
    Diário para Stella
    As Viagens de Gulliver
    Modesta Proposição
  69. William Congreve
    Assim Vai o Mundo
  70. George Berkeley
    Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano
  71. Alexander Pope
    Ensaio sobre a Crítica
    O Rapto da Madeixa
    Ensaio sobre o Homem
  72. Charles de Secondat, barão de Montesquieu
    Cartas Persas
    O Espírito das Leis
  73. Voltaire
    Cartas Filosóficas
    Cândido
    Dicionário Filosófico
  74. Henry Fielding
    Joseph Andrews
    Tom Jones
  75. Samuel Johnson
    A Vaidade dos Desejos Humanos
    Dicionário
    A História de Rasselas, Príncipe da Abissínia
    Vida dos Poetas Ingleses (especialmente os ensaios sobre Milton e Pope)
  76. David Hume
    Tratado sobre a Natureza Humana
    Ensaios Morais e Políticos
    Uma Investigação sobre o Entendimento Humano
  77. Jean Jacques Rousseau
    Discurso sobre a Origem da Desigualdade
    Discurso sobre a Economia Política
    Emílio
    O Contrato Social
  78. Laurence Sterne
    Tristram Shandy
    Viagem Sentimental através da França e da Itália
  79. Adam Smith
    Teoria dos Sentimentos Morais
    Riqueza das Nações
  80. Immanuel Kant
    Crítica da Razão Pura
    Princípios Fundamentais da Metafísica da Moral
    Crítica da Razão Prática
    Doutrina do Direito
    Crítica da Faculdade do Juízo
    A Paz Perpétua
  81. Edward Gibbon
    Declínio e Queda do Império Romano
    Autobiografia
  82. James Boswell
    Journal [Diário] (especialmente o London Journal [Diário de Londres])
    Vida de Samuel Johnson
  83. Antoine Laurent Lavoisier
    Elementos de Química
  84. John Jay, James Madison e Alexander Hamilton
    O Federalista (também Artigos da Confederação, Constituição dos Estados Unidos e Declaração de Independência)
  85. Jeremy Bentham
    Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação
    Teoria das Ficções
  86. Johann Wolfgang von Goethe
    Fausto
    Poesia e Verdade
  87. Jean-Baptiste Joseph Fourier
    Teoria Analítica do Calor

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    O filósofo alemão G. W. F. Hegel, de quem Mortimer Adler também recomenda alguns escritos, é objeto do comentário de Charles Taylor em Hegel – Sistema, método e estrutura. Conheça já!
  88. Georg  Wilhelm Friedrich Hegel
    Fenomenologia do Espírito
    Princípios da Filosofia do Direito
    Filosofia da História
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    William Wordsworth, outro gigante a comparecer nas recomendações de Como Ler Livros, é um dos autores compilados na coletânea Poéticas Românticas Inglesas, organizada por Roberto Acízelo de Souza. Garanta o seu volume! [Imagem: Tela de Henry William Pickersgill]
  89. William Wordsworth
    Poemas (especialmente Lyrical Ballads [Baladas Líricas], Lucy Poems [Poemas de Lucy], sonetos; The Prelude [O Prelúdio])
  90. Samuel Taylor Coleridge
    Poemas (especialmente “Kubla Khan” e “A Balada do Velho Marinheiro”)
    Biografia Literária
  91. Jane Austen
    Orgulho e Preconceito
    Emma
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    A obra Da Guerra, integrante da seleção de clássicos de Como Ler Livros, é revisitada por René Girard em Rematar Clausewitz. Leitura imperdível! [Imagem: Tela de Wilhelm Wach]
  92. Karl von Clausewitz
    Da Guerra
  93. Stendhal
    O Vermelho e o Negro
    A Cartuxa de Parma
    Sobre o Amor
  94. George Gordon, Lord Byron
    Don Juan
  95. Arthur Schopenhauer
    Estudos sobre o Pessimismo
  96. Michael Faraday
    A História Química de uma Vela
    Pesquisas Experimentais em Eletricidade
  97. Charles Lyell
    Princípios de Geologia
  98. Auguste Comte
    Curso de Filosofia Positiva
  99. Honoré de Balzac
    O Pai Goriot
    Eugénie Grandet
  100. Ralph Waldo Emerson
    Homens Representativos
    Ensaios
    Diário
  101. Nathaniel Hawthorne
    A Letra Escarlate
  102. Alexis de Tocqueville
    A Democracia na América 
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    John Stuart Mill também está compilado nas Poéticas Românticas Inglesas, organizadas por Roberto Acízelo de Souza. Mais uma razão para conferir essa obra! [Imagem: Tela de George Frederic Watts, National Portrait Gallery]
  103. John Stuart Mill
    Sistema de Lógica Dedutiva e Indutiva
    Sobre a Liberdade
    Considerações sobre o Governo Representativo
    Utilitarismo
    A Sujeição das Mulheres
    Autobiografia
  104. Charles Darwin
    A Origem das Espécies
    A Descendência do Homem
    Autobiografia
  105. Charles Dickens
    Obras (especialmente As Aventuras do Sr. Pickwick, David Copperfield e Tempos Difíceis)
  106. Claude Bernard
    Uma Introdução ao Estudo da Medicina Experimental
  107. Henry David Thoreau
    Desobediência Civil
    Walden
  108. Karl Marx
    O Capital (também O Manifesto Comunista)
  109. George Eliot
    Adam Bede
    Middlemarch
  110. Herman Melville
    Moby Dick
    Billy Budd
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    Fiódor Dostoiévski, apresentado em Como Ler Livros como um dos indispensáveis clássicos do Ocidente, é tema do estudo Dostoiévski – Do duplo à unidade, de René Girard. Conheça clicando no link! [Imagem: Tela de Vasily Perov]
  111. Fiódor Dostoiévski
    Crime e Castigo
    O Idiota
    Os Irmãos Karamázov
  112. Gustave Flaubert
    Madame Bovary
    Três Histórias
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    Outro clássico ocidental sugerido por Adler – Henrik Ibsen – é assunto do estudo de William A. Johnsen Violência e Modernismo – Ibsen, Joyce e Woolf. Mais um comentário que você não pode deixar de ler! [Imagem: A&E Biography]
  113. Henrik Ibsen
    Peças (especialmente Hedda Gabler, Casa de Boneca e O Pato Selvagem)
  114. Leon Tolstói
    Guerra e Paz
    Anna Karenina
    O que É Arte?
    Contos (Twenty-Three Tales)
  115. Mark Twain
    As Aventuras de Huckleberry Finn
    The Mysterious Stranger [O Estrangeiro Misterioso]
  116. William James
    Princípios de Psicologia
    As Variedades da Experiência Religiosa
    Pragmatismo
    Ensaios de Empirismo Radical
  117. Henry James
    Os Americanos
    Os Embaixadores
  118. Friedrich Wilhelm Nietzsche
    Assim Falou Zaratustra
    Além do Bem e do Mal
    Genealogia da Moral
    Vontade de Potência
  119. Jules Henri Poincaré
    Ciência e Hipótese
    Ciência e Método
  120. Sigmund Freud
    A Interpretação dos Sonhos
    Conferências Introdutórias à Psicanálise
    O Mal-Estar da Civilização
    Novas Conferências Introdutórias à Psicanálise
  121. George Bernard Shaw
    Peças (e seus prefácios; especialmente Homem e Super-Homem, Major Barbara, César e Cleópatra, Pigmalião e Santa Joana)
  122. Max Planck
    Origin and Development of the Quantum Theory [Origem e Desenvolvimento da Teoria Quântica]
    Where Is Science Going? [Para Onde Vai a Ciência?]
    Scientific Autobiography [Autobiografia Científica]
  123. Henri Bergson
    Time and Free Will [Tempo e Livre-Arbítrio]
    Matéria e Memória
    A Evolução Criadora
    As Duas Fontes da Moralidade e da Religião
  124. John Dewey
    Como Nós Pensamos
    Democracia e Educação
    Experiência e Natureza
    Lógica – a Teoria da Investigação
  125. Alfred North Whitehead
    Introdução à Matemática
    A Ciência e o Mundo Moderno
    Os Fins da Educação e Outros Ensaios
    Aventuras das Ideias
  126. George Santayana
    A Vida da Razão
    Skepticism and Animal Faith [Ceticismo e Fé Animal]
    Persons and Places [Pessoas e Lugares]
  127. Lênin
    O Estado e a Revolução
  128. Marcel Proust
    Em Busca do Tempo Perdido
  129. Bertrand Russell
    Os Problemas da Filosofia
    Análise da Mente
    An Inquiry into Meaning and Truth [Uma Investigação sobre o Sentido e a Verdade]
    Human Knowledge; its Scope and Limits [O Conhecimento Humano; seu Alcance e seus Limites]
  130. Thomas Mann
    A Montanha Mágica
    José e seus Irmãos
  131. Albert Einstein
    O Significado da Relatividade
    Sobre o Método da Física Teórica
    A Evolução da Física (com Leopold Infeld)
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    James Joyce também se repete na lista de clássicos de Como Ler Livros e nas páginas do comentário Violência e Modernismo – Ibsen, Joyce e Woolf, de William A. Johnsen. Confira essa análise imperdível! [Imagem: Carola Giedion-Welcker, Zurich James Joyce Foundation]
  132. James Joyce
    “Os Mortos” (de Dublinenses)
    Retrato do Artista quando Jovem
    Ulisses
  133. Jacques Maritain
    Arte e Escolástica
    Os Graus do Conhecimento
    Os Direitos do Homem e a Lei Natural
    Humanismo Integral
  134. Franz Kafka
    O Processo
    O Castelo
  135. Arnold Toynbee
    Um Estudo da História
    A Civilização em Julgamento
  136. Jean-Paul Sartre
    A Náusea
    Entre Quatro Paredes
    O Ser e o Nada
  137. Alexander Soljenítsin
    O Primeiro Círculo
    Pavilhão dos Cancerosos

Biografia dos autores: Mortimer Adler e Charles Van Doren

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Mortimer Adler, autor de Como Ler Livros, na capa da revista Time de 17/3/1952. [Imagem: Divulgação]
Nascido em Nova York, no ano 1902, Mortimer Adler frequentou a escola até os quatorze anos de idade, quando a abandonou para trabalhar no jornal New York Sun.

Com a intenção de aprimorar a escrita e se tornar jornalista, frequentou a Columbia University. Não concluiu a graduação, mas recebeu da universidade o título de doutor honorário.

Passou a ensinar psicologia, escreveu obras filosóficas e publicou vários livros, de linguagem acessível, sobre a filosofia e a religião ocidentais. Na década de 1930, tornou-se professor da Universidade de Chicago, ajudando a fundar, entre outras associações, o Center for the Study of the Great Ideas e o Aspen Institute.

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Capa de uma das edições de Como Ler Livros em espanhol. [Imagem: Divulgação]
Entre suas principais influências estavam Aristóteles, Santo Tomás de Aquino, John Locke e John Stuart Mill. Nascido em família judia, converteu-se quando adulto ao cristianismo.

Mortimer Adler faleceu em 2001, aos 98 anos.

Seu colaborador na última edição de Como Ler Livros, Charles Van Doren, foi uma personalidade de destaque na televisão americana durante os anos 1950.

Filho e sobrinho de escritores premiados com o Pulitzer, tem se dedicado a estudos em campos bastante variados. É graduado em artes liberais, mestre em astrofísica e doutor em língua inglesa, com passagem pelas universidades de Columbia e de Cambridge.

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Charles Van Doren, coautor de Como Ler Livros. [Imagem: GettyImages]
Foi professor na Universidade de Connecticut. Atualmente com mais de 90 anos de idade, continua escrevendo livros teóricos e também de ficção.

Qual a importância da obra Como Ler Livros?

Além de um fenômeno de vendas, Como Ler Livros é um divisor de águas na história recente dos estudos sobre leitura, livros, literatura e educação.

Se há quem sinta vergonha de ostentar em público uma obra que pretende ensinar a ler, não é difícil imaginar quanto esse assunto foi evitado pelos estudiosos profissionais. Afinal, sempre esperamos deles reflexões sobre temas complexos, que se possam classificar como sendo de “nível avançado”…

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Capa da mais recente edição americana de Como Ler Livros. [Imagem: Divulgação]
Às vezes basta que alguém tenha a coragem de encarar um tabu para que ele deixe de ser um obstáculo: Mortimer Adler desempenhou esse papel com a escrita de Como Ler Livros.

É verdade que à primeira edição da obra se seguiu uma paródia, ironizando seu propósito, chamada How to Read Two Books (Como Ler Dois Livros). Mas se seguiu também um estudo sério, que propôs uma alternativa teórica à tese de Adler, chamado How to Read a Page (Como Ler uma Página).

Escrito pelo famosíssimo crítico I. A. Richards, esse outro livro enfatiza os requisitos para a compreensão das minúcias literárias de um texto – ou seja, sua estrutura interna, a construção de suas frases e assim por diante.

O subtítulo de How to Read a Page revela a diferença essencial entre sua proposta e a de Como Ler Livros: “um curso de leitura eficiente, com uma introdução às 100 grandes palavras”, I. A. Richards sintetizou-o.

Já Mortimer Adler – como informam o apêndice de Como Ler Livros, o subtítulo de Como Pensar sobre as Grandes Ideias e o nome da coleção da Enciclopédia Britânica que ele coordenou – concentra-se, ao invés disso, nos grandes livros.

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Capa da segunda edição de How to Read a Page (Como Ler uma Página), de I. A. Richards. Crítico representativo do close reading, ele sustentou uma visão da literatura bastante distinta da expressa em Como Ler Livros. [Imagem: Divulgação]

A diferença aponta para concepções divergentes sobre o conhecimento humano e a natureza da criação literária.

I. A. Richards, ícone do chamado close reading (“leitura cerrada”), supunha que cada texto é sustentado por si mesmo, devendo ser lido independentemente de informações externas a ele.

Uma extensa refutação desse modelo de análise foi oferecida por Northrop Frye no livro Anatomia da Crítica. Ali se enfatiza a unidade orgânica das criações literárias, que, subterraneamente aos seus próprios textos, estabelecem contatos entre si, remetendo a temas, imagens e arquétipos em comum.

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Capa de Como Pensar Sobre as Grandes Ideias – A partir dos grandes livros da civilização ocidental, de Mortimer Adler. O subtítulo da obra revela o ponto de discordância com a “introdução às 100 grandes palavras” proposta por I. A. Richards. Confira também esse escrito! [Imagem: Divulgação]
Como Ler Livros adota uma visão de literatura similar à de Anatomia da Crítica. Mortimer Adler concebe o livro não para oferecer aos estudantes ferramentas para se especializarem na leitura de textos particulares, pretensamente dominando-os.

A importância de Como Ler Livros está em preparar o leitor para se tornar participante da “grande conversação” travada entre os clássicos da civilização ocidental. Por meio da leitura sintópica, somos capazes de acompanhar o diálogo que os grandes livros mantêm entre si.

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Capa de Anatomia da Crítica, de Northrop Frye. O livro oferece um modelo de crítica literária oposto ao close reading de I. A. Richards, e afinado com a tese de Mortimer Adler em Como Ler Livros. Conheça já! [Imagem: Divulgação]
Tal como o quarto estágio da leitura abarca o elementar, o inspecional e o analítico (ao mesmo tempo que os supera), a leitura dos grandes livros, sugerida por Adler, abarca (evidentemente!) a leitura de suas páginas.

Os temas de How to Read a Page estão incluídos e aprimorados na última edição de Como Ler Livros, traduzida no Brasil pela É Realizações.

Seguindo as dicas de Mortimer Adler descobrimos a sempre surpreendente interação que existe entre as obras que inspiraram o imaginário de nosso mundo. Contemplamos as ideias que dão forma à nossa cultura, e isto em seu próprio nascedouro.

Era preciso que algum erudito nos auxiliasse a reaprender a leitura, para estarmos em condição de saber o que afinal podemos fazer com ela.

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Lombada de uma das edições americanas de Como Ler Livros. A foto é de uma prateleira de biblioteca, e foi tirada por Semih Akalin. [Imagem: AtBreak]

Opiniões sobre a obra

Como Ler Livros tem recebido desde a sua primeira publicação incontáveis elogios, tanto de estudiosos como da imprensa. Os mais frequentemente citados são:

  • Do The New Yorker: “O livro mostra concretamente como se pode realizar uma leitura adequada a sério, e quanto ela pode render em instrução e prazer”.
  • De Jacques Barzun: “Essas quatrocentas páginas estão recheadas de temas da maior relevância, que ninguém preocupado com o futuro da cultura americana pode permitir-se ignorar”.
  • De Anne Fadiman: “As sugestões de Adler e Van Doren […] lhe deixarão nostálgico de um tempo mais vagaroso, mais diligente, menos trivial”.
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Quarta capa da mais recente edição americana de Como Ler Livros, na qual se lê um dos endossos. [Imagem: Divulgação]
  • De José Monir Nasser: “O livro de Mortimer Adler, além de manual abrangente de técnicas de leitura, é um estudo ontológico sobre a natureza desta, sugerindo a unidade fundamental dos gêneros nos diversos patamares de certeza e nos diversos níveis de leitura, articulando a profundidade da análise com a cobertura da extensão geométrica da variação dos gêneros. Nada mais, nada menos, que os velhos ‘Trivium’ e ‘Quadrivium’ conjugados e aplicados à arte de ler”.

No YouTube é possível encontrar inúmeras resenhas de Como Ler Livros, por exemplo as dos canais Mari Dal Chico, As Travessias (de Bruno Magalhães) e Direito e Liberdade (de Victor Hugo Domingues).

Detalhes do produto

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Capa da mais recente edição brasileira de Como Ler Livros, publicada pela É Realizações. Garanta agora o seu exemplar! [Imagem: Divulgação]
Como Ler Livros – O guia clássico para a leitura inteligente, de Mortimer J. Adler e Charles Van Doren, é atualmente editado no Brasil pela É Realizações. Nesta versão, lançada em 2010, a obra integra a Coleção Educação Clássica.

A tradução é assinada por Edward Horst Wolff e Pedro Sette-Câmara. Há também um prefácio do professor José Monir Nasser.

Gênero: Comunicação e Linguística

Subgênero: Linguística

Formato: 18 x 25 cm

Número de páginas: 432

Acabamento: Brochura

ISBN: 978-85-88062-89-4

Preço: R$ 99,90

Não deixe de conhecer esta obra: assim você poderá ler com maior proveito todos os demais livros que encarar!

Conclusão

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Capa de uma das edições de Como Ler Livros em inglês. [Imagem: Divulgação]

Como foi possível conferir no decorrer deste post, sobram razões para que Como Ler Livros tenha se tornado o best-seller que é hoje.

A divisão dos gêneros de livros e dos níveis de leitura, assim como a lista de leituras recomendadas por Mortimer Adler e Charles Van Doren, são auxílio inestimável para todo leitor. A obra, então, faz jus aos muitos elogios que recebe, e comprova a sua relevância para as discussões sobre pedagogia, literatura e leitura.

Como Ler Livros atualiza uma tradição de filosofia da educação que passa por Santo Agostinho, Hugo de São Vítor, Dante Alighieri e A.-D. Sertillanges. E a atualiza em um ponto fundamental: faz a primeira sistematização abrangente do ato da leitura, permanecendo por isso, até hoje, incontornável.

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Capa de uma das edições de Como Ler Livros em italiano. [Imagem: Divulgação]
Segundo os autores ensinam, há livros que dão o que sentir, outros que dão em que acreditar, ainda outros que sugerem o que fazer. De diferentes modos, Como Ler Livros realiza tudo isso. Mas, acima de tudo, a obra nos dá em que pensar, e nos auxilia a ser criteriosos ao consumir todos os demais textos.

Ao mesmo tempo que são claras e práticas, as dicas de Adler e Van Doren são fruto de uma consideração atenta das complexidades que há na relação entre linguagem e pensamento. É esse intrincado problema filosófico que Como Ler Livros acaba por enfrentar, com simplicidade mas também profundidade.

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Capa da edição romena de Como Ler Livros. [Imagem: Divulgação]

Quer você seja um iniciante nos estudos, quer já tenha acumulado experiência com a leitura, poucos dos livros que você ainda tem a ler lhe ensinarão tanto quanto Como Ler Livros, de Adler e Van Doren. Portanto, e pelo bem do seu próprio aprendizado, não o deixe de ler!

 

Fontes

– José Monir Nasser, “Lendo Mortimer Adler como Mortimer Adler nos ensina a ler” (prefácio). In: Mortimer J. Adler e Charles Van Doren, Como Ler Livros – O guia clássico para a leitura inteligente. Trad. Edward Horst Wolff e Pedro Sette-Câmara. Coleção Educação Clássica. São Paulo, É Realizações Editora, 2010, p. 11-17.

– Palestra de lançamento da obra Como Ler Livros, com José Monir Nasser (É Realizações Espaço Cultural, 2010): https://www.youtube.com/watch?v=SR9IlKLIJTA

5 Comentários

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