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Edmund Burke é analisado em “A Imaginação Moral”

Composto de ensaios envolventes, Gertrude Himmelfarb reflete sobre outros 11 pensadores, entre eles Winston Churchill e Lionel Trilling.

Edmund Burke, fundador do conservadorismo moderno, é um dos eleitos de Gertrude Himmelfarb para compor sua obra A Imaginação Moral. A publicação, que faz parte da original Coleção Abertura Cultural, conta com tradução de Hugo Langone.

Composto de ensaios envolventes, além de Edmund Burke, outros nomes são examinados, como Winston Churchill, George Eliot e John Buchan.

Ideal para interessados em ciência política, filosofia moderna e literatura, os 12 capítulos têm como fio condutor o conceito popularizado por Lionel Trilling. Nas palavras da ensaísta:

Os historiadores raramente têm a oportunidade de homenagear aqueles sobre quem escrevem. Eles procuram ser objetivos e imparciais; tentam descrever e analisar em lugar de enaltecer ou censurar. Oferece grande prazer, portanto, recordar certos pensadores e escritores notáveis e descobrir que a passagem do tempo os tornou ainda mais memoráveis e admiráveis do que antes se supunha”.

Confira a lista completa:

  • Edmund Burke
  • George Eliot
  • Jane Austen
  • Charles Dickens
  • Benjamin Disraeli
  • John Stuart Mill
  • Walter Bagehot
  • John Buchan
  • Edmund, Dillwyn, Wilfred e Ronald Knox
  • Michael Oakeshott
  • Winston Churchill
  • Lionel Trilling

Trechos sobre Edmund Burke

Numa feliz coincidência, Edmund Burke, autor que dá início ao volume, inseriu o termo ‘imaginação moral’ no discurso político”, escreve Himmelfarb na introdução.

Neste ensaio acerca do “pai” do conservadorismo moderno, a historiadora da moral conta um episódio vivido com uma aluna judia a quem Burke permitiu, “uma nova compreensão e uma nova apreciação do judaísmo – de seu judaísmo, uma forma rigorosa de ortodoxia (tão rigorosa que ela precisara de uma autorização especial para frequentar uma universidade secular)”. Depois de relatar a interessante experiência, a pensadora admite: “Confesso que jamais havia encarado Burke como apologista de qualquer forma de judaísmo”.

Confira outro trecho:

O que a impressionara fora sua defesa da tradição e da religião, tal como da religião como tradição. Fora isso o que a tocara, enquanto judia ortodoxa, de maneira tão direta e tão intensa”.

No decorrer do ensaio, Gertrude Himmelfarb cita algumas passagens escritas por Edmund Burke:

Não olharão para a posteridade aqueles que jamais olharam para seus ancestrais”.

“…que o homem é, em virtude de sua natureza, um animal religioso; que o ateísmo se opõe não somente à nossa razão, mas também a nossos instintos; e que ele não pode prevalecer por muito tempo”.

Para a conservadora:

Nenhuma religião é tão presa à tradição e tão centrada na história quanto o judaísmo. E isso é ainda mais intenso no caso do judaísmo ortodoxo. Dos 613 mandamentos prescritos aos judeus devotos, alguns são princípios morais universais que vinculam todos os seres humanos civilizados. Outros, contudo, dizem respeito tão somente ao judaísmo; são estes que o distinguem de todas as outras crenças e povos”.

Leia mais um trecho:

Para a maioria dos leitores das Reflexões de Burke, tal como para a maioria dos meus alunos, as passagens mais perturbadoras da obra são as que dizem respeito à defesa do ‘preconceito’ e da ‘superstição’. Essas palavras eram tão provocativas na época quanto são hoje – e de modo proposital, visto que Burke as empregava intencionalmente a fim de dramatizar as diferenças existentes entre ele e o Iluminismo francês. Para esse Iluminismo, o preconceito e a superstição maculavam todos aqueles aspectos da vida – os hábitos, os costumes, as convenções, a tradição e a religião – que se faziam ofensivos porque aparentemente violavam o princípio da razão. Segundo Burke, porém, eram precisamente essas qualidades que constituíam, por assim dizer, a graça salvífica da sociedade civilizada e, no fim das contas, da própria razão. O preconceito e a superstição, insistia, não eram arbitrários ou irracionais. Pelo contrário, eles existiam em continuidade com a sabedoria e a virtude, trazendo consigo a sabedoria e a virtude ‘latentes’ que haviam sido acumuladas ao longo do séculos”.

Que tal conferir o ensaio na íntegra?

Garanta já seu exemplar!

Edmund Burke
Imaginação Moral, de Gertrude Himmelfarb.

Meu único objetivo foi fazer jus às ideias de homens e mulheres que enriqueceram a minha vida, a vida de gerações anteriores e, espero, a vida das gerações subsequentes”, escreve Himmelfarb.

Você também pode conhecer mais sobre Edmund Burke em nosso catálogo!

Quem foi Gertrude Himmelfarb?

A intelectual americana nasceu numa família de judeus que partiram da Rússia para os Estados Unidos antes da Primeira Guerra Mundial.

Sua família era proprietária de uma pequena fábrica de vidro que produzia objetos para lojas de departamento. Devido ao faturamento sempre baixo, a família vivia praticamente na miséria. Na Grande Depressão, a fábrica foi à falência.

Mesmo com a falta de recursos financeiros, Gertrude Himmelfarb cresceu em um afetuoso e estimulante ambiente familiar. Aos 18 anos, numa reunião de trotskistas no Brooklyn, Nova York, a jovem conheceu Irving Kristol, com quem se casou, tempos depois, e juntos formaram um casal de grande influência nos círculos sociais da época. Foram amigos de Hannah Arendt, Friedrich Hayek, Leo Strauss e Lionel Trilling.

Conheça outros títulos de Gertrude Himmelfarb

Mergulhe no pensamento desta grande autora com os livros abaixo:

Ao Sondar o Abismo – Pensamentos Intempestivos sobre Cultura e Sociedade

O título foi considerado pelo Los Angeles Times como superior ao clássico desse gênero de crítica O Declínio da Cultura Ocidental, do filósofo americano Allan Bloom. Aproveite a leitura!

Ao Sondar o Abismo, de Gertrude Himmelfarb.

Os Caminhos para a Modernidade – Os Iluminismos Britânico, Francês e Americano

Este trabalho permite entender o fenômeno do Iluminismo britânico, francês e americano, e como as concepções de natureza humana e de princípios abstratos, como liberdade, divergiam e geravam consequências completamente diversas. Leitura imperdível!

Os Caminhos para a Modernidade, de Gertrude Himmelfarb.

Gertrude Himmelfarb – Modernidade, Iluminismo e as Virtudes Sociais

Escrito por José Luiz Bueno, é um excelente livro de entrada para a obra da pensadora. O ensaio mescla vida e obra e deixa claro um dos principais traços da historiadora americana: as análises incisivas e profundas.

Edmund Burke
Gertrude Himmelfarb – Modernidade, Iluminismo e Virtudes Sociais, de José Luiz Bueno.

Conheça um pouco mais sobre o livro com a entrevista exclusiva: Gertrude Himmelfarb: 3 perguntas para José Luiz Bueno

A respeito de sua trajetória, você fica sabendo mais no perfil: Gertrude Himmelfarb, heroína dos conservadores

Para compreender melhor o conceito, leia a entrevista: Imaginação moral: perguntas sobre o conceito para Alex Catharino

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